Dicas para o seu vilão

 


Ah, o esteriótipo do vilão... O que seriam das histórias sem esses meliantes?

O que seria de Luck Skywalker se o Anakin não tivesse ficado louco e virado a casaca?  Do Simba, se o Scar não fosse mais fraco que  irmão? Harry talvez se tornasse  lufa-lufa se o Voldemort não tivesse perdido o nariz... O Batman não teria trabalho se o Curinga tomasse seus medicamentos. E os changeman então? Sem o senhor Bazoo, o poderoso cotoco do espaço, não teriam porque vestir os uniformes coloridos e gritar "Power Bazuca!".

Os exemplos são infinitos. Cada história tem seu vilão. Às vezes gostamos deles, às vezes os tememos e, em alguns casos, até podemos rir deles. Mas o que importa é que eles estão lá, aprontando alguma, e, sem eles, as histórias seriam bem mais chatas.

Como vários leitores insistem em elogiar meus vilões, decidi escrever este post, passando algumas dicas para quem está escrevendo ou criando personagens para uma campanha de RPG. Tais dicas não são regras e não devem ser levadas muito a sério. São apenas pontos nos quais  eu me mantenho atento quando vou criar e, dizem, tem funcionado.

Espero que gostem.


Antes de começar, é preciso lembrar que existem vários tipos de vilões e cada um serve ao seu propósito em uma história.  Daria para escrever um livro se eu fosse falar de cada um deles, por isso, meu foco será apenas em um tipo de vilão: O foda! O principal.


Dica 1 - Vilão não fala, ele faz! - Não deixe que o seu vilão faça discursos, explique planos, ameace, etc. Ele não está em campanha eleitoral. O vilão de verdade é prático. Maior exemplo disso? Darth Vader. Você alguma vez o viu repetir algo? Duvido. Com ele não tem segunda chance e é exatamente assim que um vilão líder irá impor respeito e garantir que seus subordinados não o matem.

Então mantenham isso em mente: quanto menos o vilão fala, mais assustador ele é. Não é mesmo, Jason?


Dica 2 - Vilão tem mais o que fazer! - Essa coisa de ficar perseguindo os heróis só para sacaneá-los, ou passar de vila em vila torturando e fazendo malvadezas não está com nada. Ok, quer impor respeito queimando uns vilarejos? mande alguém resolver (E ai do peão se ele falhar). Mas o vilão veterano não tem tempo a perder com essas coisas. Por isso, evite ao máximo expor o seu vilão à situações corriqueiras. Um bom exemplo é o Rei Longshanks, do coração valente, que só vai dar a cara a tapa quando é para resolver.  Agora, um ótimo exemplo de meliante que segue essa linha é o Red John, antagonista da série The Mentalist. Quatro temporadas depois e a única coisa que vimos dele até agora foi isso:

Contudo, é espetacular o que este servo do mal realiza ao longo da série. Nós nunca o vimos, mas ele está lá, roubando a esperança. Enfim, preserve o seu vilão, pois ele demonstra mais poder quando não se incomoda com pouca coisa.


Dica 3 - Vilão não perde a chance! - Escritores e mestres, há menos que haja um motivo muito bom, não coloquem seus heróis em uma situação em que a vida deles esteja nas mãos do vilão. Porque, vilão de verdade não deixa a oportunidade passar. O pobre Robocop que o diga, quando caiu na mão daquele muleke traficante de Nuke, capanga do Cain.

Ah mas aquilo não é vilão de verdade... E não é mesmo! Depois de brincar de lego, as antas me devolvem o coitado do Murphy, na  porta da delegacia, com todas as partes. Sério, se fosse o Bane ali, o coitado do Murphy tinha virado cinzeiro e porta copos. Então, vale lembrar: nada pior que ver um cara realmente do mal deixando o herói se safar. Por isso, muito cuidado ao fazer esses encontros.


Dica 4 - Vilão tem que ter estilo! - Seja no modo de falar, se comportar, vestir ou lutar, o vilão precisa de um diferencial. Ele deve se destacar das pessoas comuns de algum modo, pois, do contrário, não será um vilão interessante.  O estilo de que falo pode tanto ser algo exagerado, como do nosso amigo Voldemort, que além de um visual no-nose consegue se destacar com seu comportamento sombrio e ultra-confiante. Contudo, este estilo pode ser menos caricato, mas com um comportamento de destaque. Vem-me à mente um dos maiores vilões já criados: Sr. Lecter

Apesar do nosso amigo Hannibal poder passar despercebido em meio à multidão, seu jeito de falar e se comportar tornaram-no um dos ícones da nossa época. Então, ao criar seu vilão, pense no estilo dele. Seu comportamento peculiar, suas vestimentas e trejeitos. Tudo isso definirá a personalidade que fará desta criatura do mal, algo que ficará por um bom tempo na mente do seu público.


Dica 5 - Vilão tem que ter motivo! - Essa é a parte mais fácil, contudo a mais complicada também. Arrumar um motivo para o vilão é simples. A mulher amada foi morta. Os pais o abandonaram no lixão. Foi vítima de bulling. Pisaram na unha encravada. Tocaram funk demais na infância dele... Por aí vai. A chave do negócio está em conseguir um motivo legal, que faça o leitor ficar em dúvida se apoia o cara ou continua torcendo pelo mocinho. Vai de cada história. Mas é bom ter em mente que o motivo nem sempre é trágico. O que não pode é o energúmeno do criador do personagem, transformá-lo em um vilão do MAL sem um motivo plausível. Não vamos sair matando criancinha só porque me disseram que vamos poder ressuscitar os outros, né Jedi?

As vezes a própria honra acaba cavando o buraco no qual um vilão é formado, como ocorre com o Cel. Nathan R. Jessep, do filme Questão de Honra. O indivíduo também pode se desvirtuar por causa do amor, ah o amor. E esse não só é poderoso, como garante certa empatia ao personagem. Quer melhor exemplo do que o Dracula (Usemos o exemplo do Bram Stoker)? A esposa se mata ao imaginar que ele está morto e, quando o homem, descontrolado, blasfema, xingando  Deus de tudo quanto é nome romeno e mete a espada na cruz, pronto! Ganha de brinde uma maldição. Nada de banho de Sol, vai ter que beber sangue e, se não gostar, vai viver pra sempre. De quebra, quando o homem já tinha se acostumado ao estado lastimável, a Mina aparece, esbanjando uma beleza idêntica à da falecida esposa do rapaz. Sério. Até eu torço para o cara. Então, lembrem-se: Nada de rebelde sem causa e vilão chorão. Lasque um motivo para o meliante ser como é e você terá sucesso.

Bem, é isso! Eu poderia escrever mais um monte de coisas, mas o objetivo aqui não é dar aula (Quem sou eu para dar aulas?). A brincadeira era só jogar alguns pontos que eu sempre considero ao criar um servo das trevas.


JUNHO 9, 2012 - por Leandro Radrak

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